Por: Daniela Pereira Fernandes – Treasy
Pensando em aumentar a participação no mercado e se consolidar entre seu público-alvo, a empresa Alfa decidiu lançar um produto novo, apostando suas fichas na fácil aceitação do público. Depois de 7 meses, de fato, as vendas subiram e o faturamento também teve alta, animando os donos do negócio.
Tudo muito bom, não é mesmo? A essa altura, então, você já deve estar pensando que tem um “mas” nessa história. E tem mesmo. Isso porque crescimento do faturamento não significa, necessariamente, lucro. Se há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia, como diria o ditado, imagine nas contas de uma empresa.
Brincadeiras à parte, o fato é que a sua visão sobre as contas do negócio, tanto na indústria quanto no comércio ou nos serviços, não pode ser tão pragmática. A relação entre as vendas e o faturamento precisa incluir um item essencial: os custos. Na prática, isso quer dizer que do montante vendido é necessário descontar os gastos realizados para produzir ou adquirir os produtos e prestar os serviços.
Nesse momento, três siglas surgem como solução para a realização deste cálculo: CPV, CMV e CSV, que significam, respectivamente, Custo dos Produtos Vendidos, Custo das Mercadorias Vendidas e Custo dos Serviços Vendidos. É sobre elas que vamos falar neste artigo, explicando como funcionam e dando exemplos práticos de aplicação. Confira!
A função e a importância dos indicadores CPV, CMV e CSV
Esses três indicadores calculam os custos diretos da empresa na produção e aquisição de produtos ou na prestação de serviços que foram comercializados em um determinado período. Para isso, além dos gastos específicos da operação, entram nestas contas os saldos inicial e final do estoque ou dos serviços em andamento.
Dessa forma, o CPV, o CMV e o CSV não consideram os custos dos produtos que permanecem em estoque ou dos serviços que ainda estão sendo executados, só do que foi vendido ou do serviço prestado. Ficou confuso? Vamos explicar melhor. Alguns custos só são custos quando o produto é vendido ou o serviço é prestado. Por exemplo, um pedreiro só vai gastar com cimento quando for executar o serviço, até então esse custo não existia. Assim, fica mais exata a apuração do lucro bruto de determinado período, pois torna-se mais clara a relação do faturamento e dos custos operacionais dentro do período de um mês, por exemplo.
Com essas informações em mãos, os gestores podem avaliar melhor suas estratégias, como a precificação. Mas, principalmente, podem rever seus custos operacionais, identificando o que pode ou não ser alterado e aperfeiçoado.
É por essa função e também pela exatidão que essas siglas aparecem no Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), figurando como despesa do período contábil. Então, esses cálculos são itens gerenciais e também legais. Dito isso, vamos entender agora o funcionamento de cada uma dessas ferramentas.
Apuração dos Custos
Bom, até aqui vimos a importância de identificar o CPV, CMV e CSV. Mas antes de falarmos como funciona o cálculo é importante abordarmos a questão de como identificar o custo por produto ou serviço. Essa é uma dificuldade geral na maioria das empresas que a Treasy atende, porque é uma informação muito trabalhosa para conseguir.
Por exemplo, uma caneta é composta por diversos materiais, certo? Como plástico, tinta, metal. Todos esses componentes são custos e é necessário identificar quanto cada material foi gasto na fabricação de uma única caneta para compor o custo do produto.
Para conseguir essa informação, sua empresa precisa ter processos estruturados e implementar um método de custeio. Os dois métodos mais conhecidos são: Método de Custeio por Absorção x Método de Custeio Variável. Nesse link explicamos certinho como funciona cada um e qual é o melhor método para a sua empresa: Guia completo do Método de Custeio por Absorção x Método de Custeio Variável: Qual o melhor?
Você também pode utilizar uma planilha de fizemos para comparar os dois modelos, para acessá-la gratuitamente, basta clicar na imagem:
Lembre-se, essa informação é essencial para darmos continuidade na explicação.
O que é CPV?
Nós vimos anteriormente que o CPV é o Custo dos Produto Vendidos, mas como funciona esse indicador? Antes de qualquer coisa, é preciso esclarecer um ponto: produto e mercadoria não são palavras sinônimas no universo contábil e fiscal. O primeiro termo se refere ao bem que é produzido pela própria empresa. Já o segundo representa os materiais que são comprados de terceiros com o objetivo de revender.
É por isso, então, que o CPV está diretamente ligado aos processos industriais. Sendo assim, esse indicador utiliza como variáveis, além dos saldos de estoque, os gastos gerais de fabricação, os custos da matéria-prima e da mão de obra.
Sendo esses são os componentes do cálculo, a fórmula do CPV fica a assim:
CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF
Em que:
- CPV = Custo dos Produtos Vendidos
- EI = Estoque inicial
- In = Insumos (matérias-primas, materiais de embalagem e outros materiais) aplicados nos produtos vendidos
- MO = Mão de obra direta aplicada nos produtos vendidos
- GGF = Gastos gerais de fabricação (aluguéis, energia, depreciações, mão de obra indireta etc.) aplicada nos produtos vendidos
- EF = Estoque final (inventário final)
Para que você saiba como calcular o CPV, vamos a um exemplo prático. Imagine que a empresa Alfa queira apurar o lucro bruto do primeiro mês em que o produto novo ficou no mercado. Para isso, então, ela vai calcular o custo dos produtos vendidos e compará-lo com o faturamento, que foi de R$ 450.000,00. A contabilidade passa os seguintes dados:
- EI = R$ 150.000,00
- In = R$ 70.000,00
- MO = R$ 20.000,00
- GGF = R$ 30.000,00
- EF = R$ 15.000,00
CPV = 150.000 + (70.000 + 20.000 + 30.000) – 15.000 CPV = 150.000 + 120.000 - 15.000 CPV = 270.000 - 15.000 CPV = 255.000
Portanto, o custo dos produtos vendidos naquele mês foi de R$ 255.000,00. Relacionando com o faturamento, chegamos a um lucro bruto de R$ 195.000,00.
Para que uma indústria identifique seu Custo do Produto Vendido, é necessário criar uma Ficha Técnica por produto. Isso pode dar muito trabalho mas traz resultados bem significativos.
Como montar uma ficha técnica
Na ficha técnica você precisa informar tudo que compõe seu produto e a quantidade utilizada. Você pode fazer isso usando uma planilha ou um sistema, para o nosso exemplo, vamos utilizar telas do Treasy.
Por exemplo, a empresa Campo Confecções, dentre toda a gama de produtos que fabrica, um deles é a bermuda. Nesta tela a seguir, você consegue visualizar toda a matéria prima e a quantidade prevista de zíper para a fabricação de uma bermuda.
Depois é necessário informar qual é o valor pago pela matérias prima, no nosso caso, o zíper.
Multiplicando então a quantidade x o preço da matéria prima, teremos o CPV unitário.
E se multiplicarmos esse valor pela quantidade de vendas, teremos o CPV total.
É importante lembrar que tanto o CPV como o CMV só existem depois que ocorre uma venda. Dessa forma, o CPV e o CMV não consideram os custos dos produtos que permanecem em estoque ou dos serviços que ainda estão sendo executados, só do que foi vendido ou do serviço prestado.
É fácil para uma empresa identificar os custos de determinadas matérias primas, por exemplo, o zíper. No entanto, saber quanto de tecido foi necessário para fabricá-la pode ser mais complexo. Conseguir ter um número exato é um desafio para a maioria das indústrias, quanto mais rigoroso é o controle na produção, mais fácil a organização conseguirá medir quando de matéria prima será utilizada.
Como comentei, nesse exemplo usamos telas do Treasy, caso você tenha interesse em conhecer melhor a ferramenta, disponibilizamos um teste de 7 dias gratuitos, basta fazer o cadastrando clicando na imagem a baixo:
O que é CMV?
Vamos ver, então, o que é o Custo das Mercadorias Vendidas. O CMV é mais utilizado no comércio, mas pode incluir qualquer atividade que não seja necessariamente deste setor, basta que a empresa compre algum bem para revender, como os produtos que um salão de beleza vende às clientes.
Por se tratar apenas da aquisição da mercadoria, calcular o CMV exige menos variáveis que o CPV. É considerado, junto com os saldos de estoque, o valor da compra dos itens.
Essa é, portanto, a fórmula do CMV:
CMV = EI + C – EF
Em que:
- CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
- EI = Estoque inicial
- C = Compras
- EF = Estoque final (inventário final)
Aqui, como exemplo para calcular o custo das mercadorias vendidas, vamos utilizar o exemplo de uma loja de roupas que quer apurar o lucro bruto do negócio no período de um ano, a partir de um faturamento de R$ 160.000,00 e dos seguintes dados:
- EI = R$ 40.000,00
- C = R$ 100.000,00
- EF = R$ 25.000,00
CMV = EI + C – EF CMV = 40.000 + 100.000 - 25.000 CMV = 140.000 - 25.000 CMV = 115.000
O custo final da loja no período de um ano foi de R$ 115.000, fechando um lucro bruto de R$ 45.000,00.
O que é CSV?
Por fim, chegamos ao índice que ajuda a empresa a calcular o Custo dos Serviços Vendidos. A Receita Federal diferencia serviço vendido de serviço prestado, considerando como vendido quando o serviço é prestado por meio da utilização da mão de obra de terceiros, como é o caso de um médico no hospital. O prestado, no caso, é quando ocorreu a prestação direta do serviço, como a instalação do ar condicionado ou a pintura da casa. Essa distinção, no entanto, não tem nenhum efeito fiscal.
Vamos ver como fica o cálculo do Custo dos Serviços Vendidos. A fórmula do CSV é a seguinte:
CSV = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi
Em que:
- CSV = Custo dos Serviços Vendidos
- Sin = Saldo inicial dos serviços em andamento
- MO = Mão de obra direta aplicada nos serviços vendidos
- GDS = Gastos diretos (locação de equipamentos, subcontratações etc.) aplicados nos serviços vendidos
- GIS = Gastos indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações de equipamentos etc.) aplicados nos serviços vendidos
- Sfi = Saldo final dos serviços em andamento
Os itens Sin e Sfi fazem a função dos saldos dos estoques, considerando os custos dos serviços que estão ou estavam em andamento no momento da apuração desse indicador.
Como exemplo, vamos utilizar uma agência de publicidade que pretende mensurar os custos de seus serviços vendidos em um determinado período, tendo os seguintes dados:
- Sin = R$ 30.000,00
- MO = R$ 20.000,00
- GDS = R$ 8.000,00
- GIS = R$ 6.000,00
- Sfi = R$ 10.000,00
CSV = 30.000 + (20.000 + 8.000 + 6.000) – 10.000 CSV = 30.000 + 34.000 - 10.000 CSV = 64.000 - 10.000 CSV = 54.000
Os custos dos serviços vendidos naquele período foram, portanto, de R$ 54.000,00. Esse número pode ser usado para comparação com o faturamento e também para analisar a produtividade do negócio.
Cuidados ao apurar CPV, CMV e CSV
Para que todos esses cálculos que apresentamos aqui realmente funcionem, é essencial que os dados que os alimentam estejam corretos e dentro da realidade do negócio. Por isso, três cuidados são fundamentais:
1 – Não perca o controle dos registros: registre todos os valores que entram e saem do caixa da sua empresa. Isso é útil na hora de apurar tanto o faturamento quanto os gastos. Tudo precisa estar na ponta do lápis.
2 – Cuide do estoque: assim como os valores que movimentam o caixa, o estoque também precisa ser devidamente controlado. Tome nota de cada item que entra e sai do depósito.
3 – Treine bem seus funcionários: tanto quem trabalha na produção quanto quem atua no comercial e nas compras precisa de treinamento. Isso evita diversos custos desnecessários, como desperdício de matéria-prima e retrabalho no fechamento das contas, além de melhorar o aproveitamento de aquisições de materiais.
Conclusão
Ficou claro que saber o quanto se gasta é tão importante quanto mensurar o faturamento, certo? Então, se sua empresa ainda não está de olho nessa relação, é hora de ligar o sinal de alerta e começar agora mesmo a prestar mais atenção, dando início a uma virada urgente na gestão da sua empresa. Isso pode salvar seu negócio!
Esperamos que você tenha gostado deste artigo. Ficou com alguma dúvida ou quer contar uma experiência? Fique à vontade. Estamos aqui para ouvi-lo e trocar ideias.
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